Pelas ruas desertas de Sandgem, onde uma brisa fria do pôr do sol carregava as folhas caídas no chão pelo ar, em constante transito com quem passava por ali, como Gabriel, que agora era o único. Havia dado adeus para Lucas e Mariana e agora caminhava ainda mancando um pouco pois havia forçado demais.
Abrira a porta do centro pokémon e entrara. Seguiu até o balcão e pegou suas pokébolas de volta e ficou encarando a pokébola de aipom com tristeza em seu olhar, como se lembrasse de algo.
Logo foi-se sentar em uma mesa do lado da janela, esperando o tempo passar.
Algum tempo se passara e agora a escuridão já tomava conta do local e Gabriel observava o vazio que estava de fora do centro até que uma família passou por ali.
Uma mulher ruiva e muito bela, magra com um pequeno menino de aparentemente cinco anos, idêntica a ela no colo e de mãos dadas com seu marido, um homem ato e de cabelos castanhos, moreno, e atrás deles o filho mais velho, igual ao pai porém mais velho, aparentava ter dez anos, e caminhava mais devagar, emburrado de braços cruzados olhando para o chão.
Aquilo poderia ser uma coisa de nenhuma importância ou valor, ou então uma coisa natural para as outras pessoas, mas para Gabriel aquilo havia sido um tiro direto em seu coração que o fez derramar uma gota de lágrima, que mais parecia ser de sangue pela dor que ele sentia neste momento.
Aquilo o machucava pois o lembrava de si mesmo, de sua família, de sua vida.
Gabriel tirou sua pokébola do bolso e a colocou em cima da mesa e ficou a encarando novamente. E então mais uma lágria caiu de seu rosto e foi parar exatamente em cima da pokébola, assim Gabriel fechou os olhos e viajou em seus pensamentos.
Ali estava ele correndo por um pasto enorme, e todo verde, sem nada, arbustos, flores, árvores, somente grama, uma interminável grama. Corria, corria, corria e continuava a correr de seu irmão que vinha atrás. Ele tinha onze anos e seu irmão treze. Ele corria pois havia quebrado um vaso caríssimo que sua mãe comprará e saiu correndo para não levar uma surra daquelas, e a mãe mandou o irmão mais velho ir buscá-lo. E lá estavam eles, correndo, até que certo momento Gabriel tropeçara em uma pequena pedra e caiu de cara no chão e começou a chorar, o irmão chegou rapidamente e olhou a situação do garoto, ele havia torcido o tornozelo e ralado um pouco. Mas nada que pudesse matar alguém, mas o menino era muito mimado e qualquer dor já lhe era causa de ataques de choro.
O irmão então o pegou no colo e começou a carregá-lo no colo de volta para sua casa, no meio do caminho Gabriel pergunta o porquê dele estar carregando ele sendo que este havia quebrado um vaso caro e ainda por cima fugido, e o garoto respondeu que simplesmente são irmãos e devem sempre ajudar um ao outro, então, dizendo isso, retirou de seu pescoço, seu pingente de sorte, onde guardava o nome de seus pais lhe desejando sorte, e o partiu no meio, colocando um pedaço no bolso e o outro pedaço, com o cordão, no pescoço de seu irmãozinho e dizendo que isso manteria os dois sempre unidos, sem importar a distância. A princípio o garoto não entendera, mas a resposta veio em alguns dias...
Seu irmão, em uma tarde com o céu escuro foi até seus pais e pediu-lhes a pokébola do pokémon que eles guardavam até o dia em que ele partiria em uma jornada. Era seu aniversário de quatorze anos e ele decidira partir em uma viagem pelo continente de Unova. Ele pegou a pokébola e saiu de casa, não se despediu, simplesmente se foi, Gabriel ficara olhando pela janela, até seu irmão desaparecer no caminho, deixando-o sozinho. Gabriel pegara o pingente e lembrava que enquanto o tivesse estaria perto de seu irmão.
O tempo se passou e nada de notícias de seu irmão, até o dia em que começava a liga de Unova, e lá estava ele, seu irmão, porém em sua primeira batalha este perdera e podia se ver a decepção em seu olhar, toda a tristeza de ter começado uma jornada e falhada humilhantemente tão rápido.
Não foi mais visto depois. Voltou certo dia para sua casa, após a liga e ficou trancado em seu quarto, olhando o tempo todo para suas pokébolas, aparentava ter morrido, ou então o mundo que tinha morrido para ele.
Não conversava com ninguém, e seus pais evitavam tentar se aproximar para que não atrapalhassem ele, esperavam que ele mesmo decidisse ir ao seu encontro. Mas isto não ocorreu. Até que certo dia, saiu de seu quarto e foi até seu pai e lhe entregou cinco pokébolas, ficando com somente uma. Pediu para ele cuidar de seus outros pokémons enquanto ele partia em uma jornada pela própria Sinnoh.. E lá se foi, sem falar mais coisas, novamente sumia no caminho deixando seu irmão na janela que chorava sobre seu pingente. O tempo passou e a liga começou, mas nada dele participar. Ele não estava nela.
Não dava nenhuma notícia, e isto preocupava seus pais e principalmente seu irmão.
O tempo se passou e Gabriel fez seu aniversário ficando com quatorze anos, e decidiu partir em uma jornada para se tornar um mestre pokémon, era o que ele dissera a seus pais quando pegou uma pokébola que eles lhe davam, mas na verdade ele partia em uma jornada a procura de seu irmão, que ele sabia que permanecia em Sinnoh.
Seu objetivo principal agora era encontrar seu irmão, e ele não descansaria até encontrá-lo, e agora era sua vez de sair em sua jornada e sumir no caminho, com seu pingente e sua pokébola, que continha seu mais novo companheiro, um jovem e forte aipom.
E ali está Gabriel agora, com a cabeça sobre a mesa chorando pelas lembranças de sua querida infância. Infância esta que não retornaria, por isso ele a busca, enquanto olha pela janela, a procura de seu irmão...
Se um dia os dois se encontraram, só o tempo irá dizer, assim como irá explicar o porquê de seu irmão ter desaparecido e por que não dava notícia a sua família. Gabriel só sabia que estava perto, pois enquanto estiver com seu pingente ele estará bem próximo de seu irmão, sem importar a distância ou os ocorridos, mas uma coisa é certa, que nesse mundo pokémon, as aventuras acontecem a todos os momentos e um encontro é algo que o tempo guarda em sua dobras, esperando o momento certo para que toda a verdade seja revelada, pois o tempo sabe se controlar assim como sabe quando nos derrotar.
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