Lucas andava com Gabriel, um pouco devagar, pois seu tornozelo ainda estava um pouco machucado, mas ele ainda tinha forças para continuar, pois o que perdera, com certeza é de grande valor para si.
Já amanhecia, o sol apontava no céu, vagarosamente, dando tempo a todos despertarem para um novo dia, com o canto dos starlys que alegravam o ambiente.
Estamos chegando perto, eu reconheço este lugar. - Falou Gabriel olhando diversas vezes para os lados -
Acho que o barranco é mais para aquele lado. - Comentou Lucas apontando para a sua direita -
E depois disso os dois se viraram e foram para a direção apontada, dando um susto em Mariana que quando os viu mudando o caminho, pensou que eles tinham a visto, ou que a viria, então se jogou atrás de um arbusto ao seu lado e lá ficou por algum tempo escondida.
Já perto do barranco, os dois caminhavam cautelosamente, logo depois chegaram nele, e com a ajuda de Lucas, Gabriel desceu o barranco e começaram a procurar.
Gabriel, o que é que estamos procurando? - Perguntou Lucas arrastando uma pedra para ver se havia algo atrás desta -
É um pingente, na verdade metade de um pingente. Acontece que quando eu era pequeno muitas coisas aconteceram e uma pessoa muito importante para mim saiu de casa e não voltou mais, e este pingente, ou melhor, esta metade do pingente, é tudo o que me faz lembrar dessa pessoa. Já que ele nunca gostou de tirar fotos, então, não tenho muitas lembranças dele, só os meus pensamentos, de quando éramos menores. - Disse o garoto de olhos fechados, segurando para não chorar -
Bem, quando eu perguntei o que era, eu queria detalhes físicos, mas saber a importância que isto tem para você, também é bom, ainda mais pra você, sempre é bom compartilhar sentimentos com pessoa que gostamos, amigos, familiares, até rivais, não importa quem seja, desabafar com uma pessoa que tem importância em sua vida, pode ser tudo que alguém precise em momentos de tristeza, e quero que você saiba que sempre que quiser pode contar comigo. Porque eu sei o que é perder alguém importante. - Falou Lucas sentando no chão e deixando uma lágrima escorrer em seu rosto, logo em seguida olhando para o céu -
Gabriel percebera que não era o único que havia perdido algo, e com certeza, para Lucas, o que ele havia perdido era insubstituível, assim como sentimentos e sentou ao seu lado, também olhando para o céu.
Sabe, sempre que olho para o céu, penso nos melhores momentos da minha vida, porém todos eles me deixam tristes, pois tenho a lembrança de quem criou esses momentos já se foi também - Falou Lucas, sorrindo, porém ainda triste, o que foi evidenciado quando uma lágrima caiu de seu rosto -
Neste momento Mariana chegou no barranco mas ficou ouvindo a conversa dos dois lá de cima.
Só quem já perdeu alguém pra saber o tanto que dói em quem ficou. - Falou receoso o garoto loiro -
Eu que o diga. - Completou Lucas deitando-se no gramado - Quando eu ainda era pequeno, vivia me aventurando, graças ao meu pai, um aventureiro, ou melhor um pesquisador pokémon, ele vivia em viagens pelo mundo pokémon, e sempre que voltava me trazia presentes daquele lugar, adorava estar na sua presença, ele me dava segurança, carinho e o mais importante, amor, brincávamos direto, eu o idolatrava, porém, certo dia ele arrumou suas malas, chegou em mim e disse que ele partiria para uma nova pesquisa, provavelmente a mais importante de sua vida, que essa pesquisa revolucionaria o mundo pokémon, mas que voltaria no verão seguinte pra ficarmos mais tempo juntos, então ele me abraçou e beijou na testa e prometeu que voltaria. Porém aquela foi a última vez que eu o vi. Quando ele saiu de casa e começou a andar pela rua, até desaparecer, senti algo ruim, algo me dizia que algo de ruim ia acontecer, então uma única lágrima escorreu no meu rosto e o vento fechou a porta. Logo depois começou a chover, uma tempestade, lembro-me muito bem, então fui para meu quarto e me deitei na minha cama. A tempestade durou até de noite. Eu olhava a janela lembrando da promessa de meu pai, até que um barulho enorme, como um rugido, ecoou no céu, então eu olhei para o céu, mas nada se via. Até que de repente um clarão no meio do céu aconteceu, um brilho enorme, no início um pinguinho de nada, mas foi crescendo e ficou tão grande e tão brilhante que até ofuscou a minha vista, não consegui enxergar mais nada por alguns segundos, depois minha vista voltou ao normal, mas quando olhei de novo para o céu não tinha mais nada, até que um forte trovão caiu no chão em frente a minha casa, mas era como se tudo tivesse parado, o trovão não se movia, continuava ali, brilhando, do céu até o chão, mas logo eu notei, havia a sombra de alguma pessoa naquele trovão, mas não identifiquei quem era, mas a pessoa me observava e então uma rajada de vento foi liberada do raio, que até quebrou a minha janela, me empurrando para longe dela, até cai da cama, e quando eu levantei e fui pro buraco onde era a janela, eu não estava mais vendo o trovão nem a sombra, só a enorme cratera no meio da rua causada pelo trovão. Corri na minha mãe e falei o que eu tinha visto, mas ela disse que eu tinha ficado atordoado com o trovão e tive ilusões de óptica, mas eu sei muito bem o que eu vi, era real, então, procurei por todos os meus vizinhos e perguntei se eles também tinham visto a sombra, mas todos riam de mim, minha mãe ficou triste, e eu também, então ela me pegou pelo braço e me tirou dali, me levou para seu quarto e falou para eu dormir lá, dizendo que nada havia acontecido, e que logo meu pai voltaria. Logo eu dormi, mas a surpresa veio no outro dia, quando recebemos uma carta anonima, onde estava escrito Pesquisador, sempre procurou pelos princípios da vida, mas se perdeu na rota do céu, onde seu brilho foi coberto pela sombra da ambição, isto o cega e não o perdoa, dando lhe a jogada final, porém seu último suspiro foi de amor, por aquilo que para si foi a sua glória, infelizmente, morreu em suas emoções. Nunca entendi direito a carta, nem soube quem a mandou, mas eu e minha mãe, pensamos no mais provável, que meu pai havia morrido. - Nesse momento mais uma lágrima cai do rosto de Lucas - Então, ficamos ali naquela casa alguns meses, mas eu não gostava mais de lá, todos falavam de mim pelas costas me chamando de louco, e dizendo que meu pai não votaria, minha mãe então decidiu que já era hora de partir dali, então fomos para Twinleaf e tudo acabou assim.
Isto é... é muito triste, não sei o que dizer. - Falou Gabriel triste pelo seu amigo -
Mariana que só ouvia a conversa ficou triste também, e decidiu sentar para não estragar o momento, mas quando tentou sentar, escorregou no barranco e caiu ao lado dos dois, que se levantaram rapidamente assutados, e Lucas enxugou suas lágrimas para que a garota não visse elas, o que já era tarde, pois ela tinha ouvido e visto tudo.
Ei garota, o que você ta fazendo aqui? Por acaso você seguiu a gente? - Perguntou Lucas nervoso com a garota -
Eu? Olha só se eu vou perder meu tempo te seguindo, se toca. Eu tenho coisas mais importantes para fazer. - Falou a garota irritada com o garoto se levantando e dando as costas e andando em alguma direção que ela mesma desconhecia, mas ia nesta só para disfarçar -
Olha Gabriel, vamos continuar nossa busca, vamos lembrar o que aconteceu antes, você consegue? - Perguntou o garoto ainda nervoso pela aparição da garota -
Tudo bem, eu lembro que eu cai do barranco e o pingente caiu do meu bolso e ficou no chão, no gramado.
E você lembra mais ou menos onde que você caiu?
Espera, eu acho que... Lembrei, é por aqui. - Disse o garoto correndo para a direção onde Mariana tinha ido -
E então Lucas correu atrás de Gabriel e logo alcançaram Mariana que havia andado pouco, e a ultrapassaram sendo que Lucas propositalmente trombou nela derrubando-a no chão e continuando a correr.
Ei seu desastrado idiota! Olha por ande anda. - Gritou a menina furiosa -
Mas Lucas nem deu atenção, e continuou correndo até que perto dali, Gabriel para e fica olhando para todos os lados, logo Lucas chega também.
É aqui? - Perguntou Lucas também olhando para os lados -
Foi aqui tenho certeza, mas o pingente não está aqui, o que será que aconteceu? - Dizia o menino até que ouviu um barulho em um arbusto ali perto que chamou sua atenção -
O arbusto se mexia constantemente, havia alguém ali, que observava os dois, se incomodando com a presença deles, e de repente a criatura saiu detrás do arbusto. Era um bidoof, mas não um qualquer, este era bem maior do que o normal, e mais forte, isto era facilmente percebido somente de olhar para ele, e seus olhos brilhavam de tanta energia, mas o que mais lhe chamou a atenção, era o acessório que usava no pescoço, era o pingente de Gabriel.
Meu pingente! - Gritou o garoto de desespero correndo atrás do pokémon -
Lucas viu a reação do garoto e foi atrás, Mariana chegava no local para ver o que ocorria e chegou a tempo de ver Lucas entrando no meio da mata correndo desesperadamente e não se conteve de preocupação e foi atrás dele.
O pokémon corria de Gabriel, mas não por medo, mas sim para que não lhe fosse tomado seu acessório, os dois corriam sem descanso por meio das árvores, galhos, pedras, arbusto, etc. O dor do tornozelo de Gabriel até sumira de tanta preocupação por seu pingente. Gabriel corria furiosamente atrás do pokémon, os dois estavam muito rápidos e nem notavam Lucas e Mariana tentando acompanhar seus ritmos. Porém, em certo momento o pokémon salto um arbusto e desapareceu, Gabriel nem sequer olhou para onde estava indo e saltou também, o que ele não esperava era o buraco de entrada para uma toca cavada por alguns pokémons, provavelmente muitos, pois a entrada era excepcionalmente grande e funda. Gabriel caiu com tudo na toca, mas não se importava para isso, somente queria seu pingente de volta. Logo Lucas e em seguida Mariana também caíram na toca, onde Gabriel já levantado e ainda furioso olhava para todos os lados da escura toca.
Que lugar é esse? - Perguntou a menina levantando e tirando a sujeira de sua roupa -
Parece uma caverna. - Comentou Lucas ainda caído no chão -
Na verdade é uma toca, uma toca de bidoofs. - Afirmou Gabriel -
E como você sabe disso? - Perguntou a garota novamente -
O bidoof que eu perseguia pulou aqui, e se vocês observarem bem direito vão poder ver que estamos cercados por vários deles. - Falou o garoto com uma feição séria -
Neste momento, com estas palavras, Lucas se levantou e olhava assustado para todos os lados, realmente, sentia alguém o observando, Mariana então, retirou de sua bolsa uma lanterna e apontou esta para um dos lados da toca e pode-se ver vários bidoofs enfileirados. Mariana girava a lanterna pela toca, até que em certo ponto, pôde se ver o bidoof com o pingente, atrás de vários outros, sobre uma grande rocha. Logo este bidoof deu um rosnado, provavelmente um sinal, e todos os outros bidoofs começaram a correr na direção dos três.
Eles vão atacar! - Exclamou a menina assutada -
Esqueci meus pokémons no centro pokémon - Disse Gabriel assutado colocando as mãos nos seus bolsos.
Então vamos lá chimchar! - Disse Lucas liberando chimchar de sua pokébola.
Chim...chá! - Falou o pokémon ao sair de sua pokébola animado -Derrube todos eles com o Flame Wheel! - Ordenou o garoto -
E chimchar se envolveu em chamas e começou a girar usando seu movimento e atacando os bidoofs, um por um, derrotando todos eles, por serem de baixo nível. E logo chimchar derrotou todos, aliviando os três, e se posicionando em suas frentes virado para eles, se vangloriando, porém se esquecera do bidoof principal, que agilmente desferiu-lhe um Rock Smash que lhe nocauteou rapidamente, pois chimchar já estava cansado por ter derrotado tantos bidoofs.
Chimchar! - Gritou Lucas desesperado e preocupado com seu pokémon - Retorne amigão, descanse bastante. - Falou Lucas retornando seu pokémon para sua pokébola.
E agora? - Perguntou Gabriel preocupado com o pokémon furioso a sua frente -
Deixa comigo! - Falou Mariana excitada jogando sua pokébola para o alto liberando seu turtwig -
Tur...turtwig!
Turtwig use crunch!
O pokémon seguiu a ordem, correndo ao oponente e preparando para mordelo, porém o pokémon deu um enorme salto desviando do golpe.
Nossa, ele é rápido! - Disse Gabriel impressionado - Mas ele ainda vai ter que me devolver o meu pingente!
Logo o pokémon oponente começa a formar um ataque e lança o raio de energia em turtwig.
É um Charge Beam! Cuidado! - Gritou Lucas -
Light Screen! - Gritou Mariana em seguida -
O pokémon então ficou dentro do cubo luminoso que bloqueou o golpe do oponente, gerando uma fumaça, porém bidoof salto de dentro da fumaça e quebrou o Light Screen com um fortíssimo Rock Smash que jogou Turtwig para longe.
Ai não, força turtwig! - Gritava Mariana -
E então, mesmo com certa dificuldade turtwig se levanta disposto a continuar a batalha. Bidoof corria já preparando mais um Rock Smash e foi então que Mariana se decidiu.
Não se mova! - Ordenou Mariana surpreendendo aos dois garotos, mas sua estratégia não era nova para turtwig.
Bidoof se aproximava cada vez mais do oponente já com seu Rock Smash preparado e quando já ia desferi-lo Mariana reagiu.
Agora!
E então turtwig rapidamente morde o Rock Smash de bidoof que ia acertá-lo.
Legal, ele usou o Crunch na hora certa. - Falou Lucas animado com a batalha.
Porém mesmo bidoof sendo mordido por turtwig preparava para mandar outro Charge Beam, mas Mariana também sabia o que fazer.
Isso acaba agora! Giga Drain!
E então turtwig começa a brilhar uma intensa luz verde que emite raios luminosos em bidoof imobilizando e impedindo ele de continuar seu golpe e lhe arrancando toda sua energia.
Pode parar. - Falou Mariana seriamente -
E turtwig termina o ataque e solta bidoof que cai nocauteado no chão, sem força para continuar pois o ataque de turtwig fora muito forte.
Incrível, eu não sabia que o turtwig podia usar o Giga Drain. Por que você não usou na nossa batalha?
Porque não uso muito este ataque, só quando o oponente esta bem perto e também não vejo motivo de usar um golpe mais forte se posso vencer com golpes menores, devemos pensar sempre em não exigir demais não só dos nossos pokemons como na saúde do pokémon oponente. - Falou Mariana calma - Mas agora não me tira o momento, pokébola vai! - Falou Mariana se animando e jogando uma de suas pokébolas em bidoof que se materializou para dentro desta que começou a girar no chão.
Uma volta... Duas voltas... Três voltas eeeee... Pof. A captura foi concluída com sucesso, e agora Mariana tinha mais um pokémon em seu time.
Ieeeeeeee! - Gritou Mariana de alegria pegando sua pokébola e a estendendo para o alto - Bidoof agora você é meu! - Comemorava Mariana por sua captura bem sucedida -
Ótimo, agora que você capturou o bidoof podia por favor pedir pra ele devolver o meu pingente? - Pediu Gabriel educadamente -
E então Mariana jogou sua pokébola liberando desta seu mais novo pokémon, bidoof, e pediu para este devolver o pingente, então bidoof, meio sem graça e envergonhado foi em direção à Gabriele e deixou que este tirasse o pingente de seu pescoço, logo em seguida Gabriel agradeceu e Mariana o parabenizou por ter devolvido e o recolheu para sua pokébola.
Depois disto eles conseguiram sair da toca escalando algumas pedras e voltaram para Sandgem, e como já estava ficando tarde foram até o centro pokémon os três, mas Mariana parecia estar incomodada por entrar naquele lugar, olhava para todos os lados como se procurasse alguma coisa ou alguém, mas Lucas e Gabriel não perceberam a ação da garota. E então os três comeram o bastante para repor suas energias e logo Lucas e Mariana se despedem de Gabriel que decidiu ficar no centro pokémon por mais um tempo. Os dois saiam do centro e andavam pela rua, juntos, mas sem conversar, até que Mariana decide começar a falar.
E então, o que vai fazer agora? - Perguntou Mariana olhando para o chão sem coragem para encarar o garoto -
Bem, agora eu já vou indo, vou partir em minha jornada, e descobrir tudo o que se tem para descobrir nesse mundo. - Falou Lucas alegremente olhando para o céu -
Posso ir com você? - Perguntou a menina assustando Lucas de nunca esperaria por aquilo -
O que? Você quer seguir uma jornada comigo? - Perguntou Lucas espantado olhando para a garota que ainda olhava para o chão -
Bem, eu acho que seguir em uma jornada é bom para descobrir muitas coisas, justamente o que uma pesquisadora pokémon como eu precisa. E já que sou uma pesquisadora não vou interferir no seu caminho, vou ser só uma companhia. - Falou a garota que agora levantou o rosto e encarava o garoto com um singelo sorriso -
Bem... érr, já que é assim tudo bem né! - Falou o garoto sem jeito -
Só espera um pouquinho que vou na minha casa e no laboratório. Tenho que avisar meus pais e o professor Rowan sobre minha decisão e também tenho que pegar meu diário de informações. - Falava Mariana com pressa -
Diário do que? - Perguntou Lucas sem entender o que a garota tinha dito -
Vamos ter muito tempo pra falar sobre isso, agora deixa eu me arrumar e me espera, já volto! - Falou amenina correndo pela rua e desaparecendo dali -
Cerca de meia hora depois a garota volta já pronta para sair. Já eram duas da tarde e a jornada deles já estava começando, porém quando pretendiam sair dos limites da cidade rumo a rota 202 uma bicicleta rapidamente passa entre os dois derrubando-os, mas a pessoa que estava na bicicleta já era muito familiar para Mariana, e com certeza não é alguém que ela goste.
A emocionante batalha contra um exército de bidoofs e a captura do provável líder do bando por Mariana não foi mais chocante do que a decisão desta de sair em uma jornada com Lucas, porém uma bicicleta rapidamente os separa e os aguarda para um confronto deixando-os irritados, diferente de Gabriel que agora com seu pingente de volta sente muito mais confortável, mas por quê?
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